Ressignificando a gestão

07/02/2021 | Escrito por Cleila Elvira Lyra
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Apresenta-se uma oportunidade para a gestão nas organizações: ressignificar seu propósito, ou criar um se ainda não tinham.

A direção está clara, todos temos escutado e lido sobre ESG - em inglês Environmental, Social and Governance, em português, ASG – Ambiental, Social e Governança. A razão está cada dia mais clara, é urgente que nos responsabilizemos (cidadãos e organizações) pela sobrevivência do nosso planeta, de modo amplo, desde o físico até o moral. Um bom modo de transformar as coisas, quando a educação somente não resolveu, é “pelo bolso”, não é o que dizem em relação as multas de trânsito por exemplo? Bem, então estamos no caminho certo, quando notamos que os investidores internacionais e mesmo os nacionais estão observando como as organizações lidam com seu impacto (footprint) na natureza, como lidam com sua comunidade interna e externa e fazem a governança de todo o sistema. Essa “due diligence”, visa selecionar as empresas mais promissoras, quais sejam, as mais bem sucedidas nesses quesitos ESG, para aplicar seu dinheiro na compra de ações, ou em parcerias, ou transações comerciais, ou ainda, outras formas de alianças de negócios.

A revista Exame.com[i] publicou um artigo mostrando o resultado de uma pesquisa qualitativa que identificou três grandes tendências que devem nortear a gestão, daqui para a frente: a) a liquefação das fronteiras organizacionais, b) a ampliação dos critérios de sucesso e c) o imperativo do propósito e da cultura organizacional. Nesse artigo Heiko Spitzeck, diretor do núcleo de sustentabilidade da FDC, afirma “A pandemia trouxe muitos impactos, mas um, indiscutivelmente, duradouro: a ressignificação.”

Então, ressignificando, de frente para trás, c) a criação do propósito da organização, que não tem nada a ver com palavras politicamente corretas ou de impacto, mas sim fundamentalmente uma promessa de valor para a sociedade e uma fonte de inspiração para colaboradores. Para sustentar esse propósito, será preciso refletir nos valores da cultura e como eles se desdobrarão nos comportamentos da comunidade interna, na linguagem praticada, nas estratégias de marketing, na relação com  fornecedores, na política de pessoas e assim por diante.  

Depois disso vamos para b) Ampliação dos critérios do que significa sucesso para a organização e para cada colaborador que também será imprescindível e deverá ser norteado pelo propósito que está interligado as políticas e práticas de ESG, tanto para stakeholders quanto para shareholders. Um exemplo sobre contradições no significado pessoal de “sucesso”, no campo da gestão de Pessoas. Um cliente de coaching comenta: “Meus superiores me pressionam para que eu seja high performance, mas eu nunca fui, em nenhum dos meus cargos anteriores, pois considero muito importante o equilíbrio trabalho e vida pessoal e, ainda, creio que entregar o combinado, com qualidade e no prazo, são suficientes, mas sempre fico com essa sensação ruim de que não sou bem visto e assim, que estou em dívida com a organização.”

 Por último, a) a certeza da liquefação das fronteiras organizacionais, já estará contida nos novos valores e modos operandi da cultura, ressignificados, e será outra grande oportunidade de consolidar comunidades internas e externas em alianças colaborativas. Nesse ambiente a agilidade prevalecerá pela desburocratização e pela mudança do foco no controle para o foco na confiança, alinhada e alavancada pelo propósito, liquefazendo as fronteiras entre setores, colaboradores, fornecedores, clientes, investidores e comunidade.

Vamos apostar nessa direção!

 


[i] https://exame.com/invest/esg/foco-em-resultado-ajuda-na-adocao-de-estrategia-esg-diz-estudo/